sexta-feira, 27 de março de 2009

O bolo de chocolate



Bolo de chocolate, chocolate, brigadeiro, beijinho, amor, tentação.

O que não fazemos por amor? O que não fazemos para as pessoas que amamos e se deliciam com todos os pratos?

Este bolo é o melhor bolo de chocolate que já comi...Tentação deliciosa.

Nome do bolo? Pura tentação.

Ingredientes da massa:
5 ovos, claras em neve
1 colher (sopa) de manteiga
2 xícaras (chá) de açúcar
2 xícaras (chá) de farinha de trigo
2 colheres (sopa) de chocolate em pó
1 xícara (chá) de leite
1 colher (sopa) de fermento químico
Bata as gemas com o açúcar e a manteiga até formar um creme homogêneo.
Acrescente a farinha de trigo peneirada juntamente com o chocolate em pó e o fermento, alternado com o leite.
Retire da batedeira e misture delicadamente, as claras em neve.Leva para assar em forma untada e enfarinhada, em forno pré aquecido, 180ºC.Deixe esfriar e corte o bolo duas vezes.


Calda:
2 xícaras (chá) de leite
3 colheres (sopa) de açúcar
2 colheres(sopa) de chocolate em pó
Leve tudo ao fogo até ferver e regue cada camada do bolo.

Primeiro recheio:
1 lata de leite condensado
1 gema peneirada
1 lata de leite
200g de coco ralado grosso
Leve tudo ao fogo, mexendo sempre até começar a desprender do fundo da panela.
Recheie a primeira camada do bolo.

Segundo recheio:
1 lata de leite condensado
1 colher (sopa) de manteiga
3 colheres (sopa) de chocolate em pó
1 gema peneirada
Leve tudo ao fogo, mexendo sempre até começar a desprender do fundo da panela.
Recheie a segunda camada do bolo.

Cobertura:
1 lata de creme de leite
1 xícara (chá) de chocolate em pó
2 xícaras (chá) de açúcar
1 colher (sopa) de manteiga.
Leve tudo ao fogo até engrossar.
Retire do fogo e bata com uma colher para dar brilho à cobertura.
Cubra o bolo e polvilhe chocolate granulado.

Leve tudo à geladeira e sirva após 24 horas.
Não esqueçam de usar um chocolate em pó de boa qualidade, não serve achocolatado.
Veja o resultado. Pura tentação...




domingo, 22 de março de 2009

A comunicação na prática, em gastronomia


A comunicação na cozinha é essencial para que o trabalho seja bem realizado.
As aulas incluem temas essenciais como: higiene e manipulação dos alimentos, organização da geladeira e da despensa, lista de compras, reaproveitamento de ingredientes, apresentação do prato, arrumação da mesa, substituição de produtos e cada passo das produções culinárias.
Corte e porcione os ingredientes, separando-os em potinhos conforme a sequência do uso, a isso denominamos mise-en-place. Mantenha a receita à mão e não hesite em checar se está fazendo tudo que ela manda.
Ponha cor no prato: decore com ervas, pimenta-do-reino em grãos, gotinhas de azeite. Apelo visual é muito importante. Use decoração comestível. Flor de tomate? Nem pensar.
Não misture diferentes pratos cremosos na mesma refeição, como estrogonofe, feijão e creme de milho.
Etiquete tudo que for para o freezer. Ponha o nome do prato ou ingrediente, data de produção e validade. Isso facilitará o trabalho na hora de procurar.
Antes de ir às compras, prepare a lista atento aos alimentos disponíveis em casa, para evitar que os produtos do estoque ultrapassem o prazo de validade.
Use produtos da época, que além de mais saborosos, são mais baratos.

Passos importantes:
Reconhecimento do espaço
Distribuição das funções Mise-en-place (ingredientes e utensílios)
Execução dos pratos
Apresentação dos pratos
Organização e limpeza do laboratório
Fechamento do laboratório e entrega

domingo, 15 de março de 2009

Fim de semana









Como todo final de domingo me encontro diante do computador, meu amigo inseparável, revendo as aulas da semana que inicia. O Cá preparando um lanche pra mim lá na cozinha. O que seria de mim sem ele? Ficaria muitas vezes com fome. Ele é tudo na minha vida. O Arielzinho deitado em meu pé, como um anjo.

E eu ainda com os resquícios do que foi o sábado e o domingo. Trabalhando, trabalhando e trabalhando. Mas também encontrando com amigos.

Hoje foi aniversário do Arnaldo, um grande amigo. Almoçamos num restaurante chinês, na Penha, com 20 amigos. Muito bom estar com todos e muito boa a comida.

Quem gosta da cozinha chinesa vale a pena ir ao Campo Verde.

Não escreverei muito porque ainda tenho que rever algumas aulas da semana e já estou com sono. E acho também que estou sem inspiração.

Tchau.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Um pouco sobre o professor de gastronomia

Hoje foi um dia muito especial pra mim, pois estou numa fase muito importante de minha dissertação de Mestrado. Iniciei as entrevistas com os professores que serão meus sujeitos de pesquisa. Entrevistei uma amiga e professora muito querida e experiente na área docente, a profa. Mércia. Esta foi a primeira de várias entrevista que farei.
Quem me conhece sabe que muito me intriga a formação do professor de Gastronomia. Quais os saberes que transitam por este profissional da educação.
Então para aproveitar o clima de formação, publico um artigo que escrevi em 2008 sobre formação docente.

NOVOS SABERES DOCENTES NOS CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA
Rosana Fernandez Medina Toledo[1]
rftoledo@uol.com.br

A discussão sobre os saberes docentes, desde a década de 1980, toma uma proporção pedagógica relevante, pois muito se pergunta: - quais os saberes que um professor tem que ter para ensinar e aprender os conteúdos escolares? – como são esses saberes? – adquiridos em formação universitária? – ou ao longo de suas experiências?
Este artigo recorta alguns conceitos sobre saberes docente e experiências de vida que os docentes levam para sala de aula.
Hoje há novas tendências no mercado educacional universitário que exige profissionais com prática nas áreas de atuação. São os cursos superiores de Tecnologia que se inserem nas IES e buscam profissionais que mostrem o mercado de trabalho e sejam professores.

Palavras-chaves: saberes docentes – experiência de vida – experiência profissional – cursos superiores tecnológicos.

A FORMAÇÃO DOCENTE
Maurice Tardif relata em sua obra Saberes Docentes e Formação Profissional, que:

“... um professor é, antes de tudo, alguém que sabe alguma coisa e cuja função consiste em transmitir esse saber a outros.” (Tardif, 2002, p.31).

Marie-Christine Josso relata que:
“... os lugares de formação sejam eles orientados para uma perspectiva de desenvolvimento pessoal, de desenvolvimento de competências sociais ou ainda para uma perspectiva de formação profissional, acolhem pessoas cujas expectativas e motivações a respeito de sua formação referem-se às problemáticas de posicionamento de suas vidas e de sua ação nas sociedades em plena mutação, assim como a problemática de compreensão dessas próprias mutações.” (A formação na perspectiva biográfica como processo de construção do sujeito e de suas identidades, in O sujeito na educação e saúde, 2007, p. 105).

As discussões a respeito da formação de professores, partem de uma teoria de que a formação se dá por uma perspectiva de vida, que cada ser humano possui uma história de vida que não pode ser desvinculada de sua prática enquanto docente.

Os caminhos desta formação transitam por momentos autobiográficos e que têm relevância na vida do sujeito e que, não são abandonados ou renegados no processo de formação.

Percebe-se o trabalho do professor norteado de saberes que não se limitam somente à transmissão de conteúdos e conhecimentos técnicos. O professor está preocupado, além do saber-pensar, também com o saber-fazer.

Em TARDIF (2002), relata-se que a relação dos docentes com os saberes não se reduz a uma função de transmissão de conhecimentos já constituídos.

Aprender a ser professor e ensinar vai muito além de conteúdos trabalhados nos cursos de formação de professores, pois há aspectos do processo de aprendizagem que têm caminho próprio.

Percebe-se que nos dias atuais os professores constroem e reconstroem seus saberes a todo instante, por meio de sua vida e suas experiências. Hoje a prática docente não se reduz aos conteúdos das ciências da educação, eles podem ser abordados por outros saberes incorporados a uma educação pedagógica, que seja legitimada cientificamente.

Em TARDIF (2202), JOSSO (2004), relatam que os saberes docentes são também saberes experenciais, que é entendido como “o conjunto de saberes atualizado, adquiridos e necessários no âmbito da prática da profissão docente e que não provém das instituições de formações nem de currículos”. (Tardif, 2002, p.48)

Sendo assim os saberes docentes se modificam com o passar do tempo, assim como mudam de acordo com a função exercida.

Resumindo, hoje pensamos numa formação docente investigativa e objetivada pela trajetória de vida de cada sujeito, logicamente sem perder o repertório necessário aos conhecimentos básicos de uma ação docente.

OS PROFISSIONAIS, PROFESSORES DOS CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA
Os cursos superiores de tecnologia ocupam uma área conhecimento emergente no Brasil, porém assumem uma importância significativa no processo de formação de graduação superior tecnológica, de capacidades técnicas, justamente por possibilitar uma formação técnica impregnada de seus ingredientes socioculturais e profissionais da área.
Os cursos superiores de tecnologia são focados em um campo de atuação e privilegiam a educação profissional. Seu objetivo maior é preparar o educando para o mercado de trabalho, o que faz com que sejam mais profundos se comparados com os cursos tradicionais de graduação, que são considerados mais generalistas. São cursos também procurados para quem já está inserido no mercado e pretende aprimorar sua carreira. Os cursos superiores de tecnologia não devem ser confundidos com os cursos técnicos, pois os cursos tecnológicos são cursos superiores de graduação enquanto os cursos técnicos são em nível de ensino médio e não permitem ao formando continuar seus estudos em cursos de pós-graduação, lato sensu e stricto sensu.
Hoje no Brasil, neste formato, encontram-se os Tecnólogos em Gastronomia, Estética, Visagismo, Design de Interiores, Eventos, Produção Publicitária, Negócios Imobiliários, e também cursos que até então ocupavam somente os bacharelados, como: Turismo e Hotelaria, além dos voltados à gestão: Financeira, Comunicação e Marketing, de Recursos Humanos e tantos outros constantes no Catálogo Nacional dos Cursos Superiores de Tecnologia (MEC, dezembro, 2006).
Pensando no docente destes cursos, abordarei um pouco sobre a Gastronomia, se bem que as considerações aqui explicitadas podem fazer parte de todo universo docente dos cursos superiores de tecnologia, os tecnólogos.

Sabor e cultura: essa é a mistura que faz da gastronomia uma das profissões mais procuradas do momento. O docente mostra como um prato possui história e sabores singulares, como está ligado a sua cultura de origem e a memória gustativa de um povo. Trabalhar história, antropologia, sociologia, química nas aulas é primordial para a formação do tecnólogo em gastronomia.
Por se tratar de um curso novo, os profissionais contratados para ministrarem aulas surgem das mais diversas formações; pois hoje temos professores de Gastronomia, arquitetos, veterinários, administradores, advogados e tantas outras. Apesar da experiência profissional no mercado de trabalho, não possuem a formação específica para a docência.
Diante deste cenário temos um como parâmetro as categorias propostas por Tardif, que relata que o processo de aprender e educar não se restringe à formação escolar que lhe concede o título de docente.
“Os saberes profissionais dos professores parecem ser, portanto, plurais, compósitos, heterogêneos, pois trazem à tona, no próprio exercício do trabalho, conhecimentos e manifestações do saber-fazer e do saber-ser bastante diversificados e provenientes de fontes variadas, as quais podemos supor também que sejam de natureza diferente”. (Tardif, 2002, p. 61).

No entanto é sabido que os conhecimentos educacionais e pedagógicos são aspectos importantes na construção da identidade profissional do docente. Mas acredito que o docente possa associar esse aprendizado no decorrer de sua trajetória, paralelamente aos seus conhecimentos técnicos e profissionais aos quais se insere.
Os saberes docentes incorporam-se à vida do professor à medida que vão sendo mobilizados pelo seu trabalho diário e deste modo constituindo a sua identidade profissional.
“A socialização é um processo de formação do indivíduo que se estende por toda história de vida e comporta rupturas e continuidades”. (Tardif, 2002, p. 71).
No saber docente está o saber ensinar e aprender. É importante considerar o docente na sua dimensão maior de interação com a sociedade e com seu próprio conhecimento para que sua atuação seja compreendida.
“Para pensar em formação de professores, neste momento... devemos levar em conta os avanços culturais e o surgimento dessa nova subjetividade. Não podemos mais pensar em um professor abstrato, genérico, não podemos mais acreditar, de maneira ingênua, que formação dos professores acontece somente nos espaços destinados a esse fim”. (Furlanetto, 2004, p. 14).


Temos, portanto uma nova dimensão a ser considerada na formação docente e a inserção destes profissionais nos cursos tecnológicos, já que o objetivo principal desta modalidade de ensino superior é além da formação acadêmica, a inserção regulamenta do educando no mercado de trabalho.

Referências:

BRASIL. Educação profissional e tecnológica: legislação básica. 6ª ed. Brasília, 2005.
______Site www.mec.gov.br, acesso em 04/11/2007.

______Catálogo Nacional dos Cursos Superiores de Tecnologia. Brasília, Ministério da Educação. Secretaria da Educação Profissional e Tecnológica. 2006.

FURLANETTO, E.C. Como nasce um professor? 2ª ed. São Paulo: Paulus, 2004
JOSSO, M.C. A formação na perspectiva biográfica como processo de construção do sujeito e de suas identidades; in ROSITO, M.M.B. e MORENO, L.V.A. O sujeito na educação e saúde, desafios na contemporaneidade. São Paulo: Loyola, 2007.
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 7ª ed. São Paulo: Vozes, 2002.

[1] Professora universitária de Gastronomia da Universidade Paulista _ UNIP- e Universidade Cruzeiro do Sul, em SP; Mestranda em Educação pela UNICID-SP.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Um pouco sobre sopas

Hoje, um dia que amanheceu nublado, mas logo o sol despontou. E por que falar sobre sopa?
Sopa na verdade é receita completa e que nos remete ao aconchego, calor humano, a comida da mamãe, sabor de infância ou então a comida de um grande chefe.
Boulanger abriu seu restaurante em 1765, em Paris, servindo sopas. Caldos restauradores. Daí o nome restaurante.
Na verdade sopas são encontradas em toda parte do mundo, podendo até viajar pelo mundo através das sopas. Uma Vichyssoise, por exemplo, nome francês para uma sopa que foi feita pela primeira vez em Nova Iorque no Hotel Hitz, Gaspacho, sopa espanhola...
Com isso uma sopa não é um prato tão simples assim, exige conhecimento e técnica. Para isso classificamos em:
a) Sopas claras:
Não contém espessantes e são feitas a partir de um fundo. A esses líquidos são adicionados ingredientes – legumes em pedaços, folhas, carnes, macarrão, grãos – que definirão o sabor da sopa.
Ex: Consommé = fundo clarificado através da adição de claras de ovo em cozimento longo e lento. Normalmente servido como entrada (frio ou quente)

b) Sopas espessas:
Tem como base o bechamel, o velouté ou um fundo, mas sempre apresentam uma textura mais espessa, cremosa, “ligada”.
As sopas espessas se dividem em:
Sopa creme: base molho bechamel e finalizada com creme de leite. Ex: sopa creme de brócolis
Sopa velouté: base molho velouté e finalizada com creme de leite ou liason (20% de gema + 80% de creme de leite). Ex: velouté de agrião com camarão.
Sopa purê: feita a partir do ingrediente principal cozido em fundo e posteriormente processado. Ex: sopa purê de abóbora.

c) Outras:
a) Bisque: ingredientes principais são os crustáceos e que possui características tanto da sopa creme como da sopa purê. O agente espessante mais comum é o arroz. Ex: bisque de lagosta, bisque de camarão.

b) Sopas especiais: inclui especialidades específica de um país.
Exs: Minestrone (Itália)
Vichyssoise ( Estados Unidos)
Gaspacho (Espanha)

quarta-feira, 11 de março de 2009

Um artigo para entender gastronomia...

UMA VISÃO ESTÉTICA DA GASTRONOMIA
Rosana Fernandez Medina Toledo [1]
rftoledo@uol.com.br

Vivemos uma época em que os saberes vivenciais e experenciais tomam lugar de destaque nos aprendizados acadêmicos.
Este artigo visa relatar a trilogia estética, formação e gastronomia no âmbito das experiências de vida ligadas diretamente na cultura em que cada sujeito está inserido. A busca de imagens por intermédios de sua história de vida.
Nossas vivências mostram como cada um de nós percebe o meio em que vivemos e como este interfere culturalmente na formação do sujeito. Temos uma memória gustativa que faz com que primeiro nos alimentamos com os olhos e depois com o paladar.
Esse olhar tem uma ligação direta com a história de vida que cada sujeito viveu diante do alimento que lhe foi oferecido na infância e de suas experiências, boas...”eu adoro comer isto”, ou ruins...”não consigo comer isto”..
Palavras chaves: estética – história de vida – gastronomia - gosto

VISÃO ESTÉTICA DA FORMAÇÃO DO GOSTO
Todos os seres humanos, ou até diria, todos os seres vivos, nascem e procuram um alimento. O ato de se alimentar sustenta um pilar primordial e que todo humano está inserido: Cultura. Esse ato caminha por culturas, sociedades, grupos, raças e tudo que envolve o ser humano. A escolha alimentar se dá a partir de uma trama entre normas, respeito, estética, tradição e ética.
CASCUDO (1983) relata que o paladar é o último a se desnacionalizar no ser humano, pois caminha juntamente com a sociedade, a cultura, o tempo, o espaço e sua história alimentar permeada por toda sua vida.
A estética e as dimensões culturais na Gastronomia caminham juntas. O ato de se alimentar tem que ser confortante e prazeroso. Comer não é somente um ato fisiológico, ele está permeado de símbolos, sinais, cores, texturas, temperaturas, ética e estética.
“O valor cultural do ato de comer é cada vez mais entendido como um ato primordial, pois a comida é tradutora de povos, nações, civilizações, grupos étnicos, comunidades, famílias, pessoas”. (Comer é pertencer. Raul Lody, p.144).
Definindo estética como um braço da filosofia que estuda o belo, a arte, o feio, o gosto..., o gosto pela comida está ligado de forma direta a estética.
Todos nós comemos para muito além do cumprimento de uma função físico-biológica. Os sentidos que envolvem a alimentação são emblemáticos e simbólicos, como utensílios, espaço arquitetônico, mobiliário, protocolo à mesa e tantos outros que cada cultura reverencia.
A contemporaneidade se destaca pela globalização e com ela a padronização de alimentos nas grandes redes de fast food. Surgem os movimentos e as reações como o movimento slow food, a nouvelle cuisine, a fusion food, a cozinha de autor... Cada um destes movimentos corrobora para que a estética do gosto evolua e estabeleça novos costumes gastronômicos e resgate a história de vida alimentar de cada sujeito.
Mas e a estética do gosto voltado para memória gustativa da infância e formação de cada sujeito? E a vivência que cada um traz em sua cultura? Não podemos negar essa história de vida, de formação, de saberes que cada sujeito traz em sua bagagem cultural e gastronômica. Não basta somente saciar a fome para estreitarmos a relação ser humano e alimento. A estética do gosto deve ser entendida como parte da experiência gustativa de vida, relacionada à influência cultural.
A mistura de alimentos e sabores, de culturas diferentes, de experiências diferentes, deu explicações sólidas e legitimadas a uma cultura que aborda os diferentes enfoques deste alimento.
O ato de se alimentar escolhe os diferentes enfoques e os desdobramentos sociais em que o sujeito está inserido, marcado pela ética e pela estética do alimento, do grupo e de sua história de vida. Os comportamentos se desdobram socialmente e o alimento é o mediador deste comportamento.
Podemos nos alimentar sob vários enfoques, pensando que vivemos na era das singularidades:
1. Cultural: visando uma educação antropológica e porque o homem se alimenta e qual a cultura que o rege. Alimentação em grupos, individuais, em família.
2. Religioso: alimentos permissivos ou não de acordo com a crença, com a fé, com rituais.
3. Político: consumir o que concorda, o que acredita, como é o caso dos alimentos orgânicos. Consumo por crer que esse tipo de alimento salvará o planeta.
4. Filosófico: vão muito além do aspecto religioso, alimentos que fazem bem ao espírito.
5. Econômico: ditado pela situação financeira propriamente dita.
6. Fisiológico: comer o que faz bem ao organismo, pensar em vitaminas e proteínas.

Todos os enfoques estão ligados a comportamentos definidos pela sua bagagem, pela sua vida, pelos seus limites e modelos de família e educação.
Pensamos que em qualquer sociedade o alimento não é somente degustado, mas também pensado. Pesando seu significado, seu símbolo de acordo com sua cultura e sua ética alimentar. O alimento possui um símbolo que vai muito além de sua composição química.
Rubem Alves em uma crônica diz que se fosse arquiteto, suas casas seriam planejadas em torno da cozinha. A sala de estar, jantar, livros, tevê, som, a paisagem, tudo num enorme espaço em torno da cozinha. Alimentamos-nos não só de alimento, mas também dos espaços divididos com os convivas e com suas experiências de vida.
“A mesa é o único lugar onde nunca se sente tédio durante a primeira hora”. (Brillat-Savarin, p.15).
O comportamento humano está ligado ao bom gosto, bom gosto também pela comida e isto envolve todos os sentidos. Sentidos físicos e culturais ligados à estética do gosto. Como relata FRANCO (De caçador a gourmet, p.24), “o gosto é, portanto, moldado culturalmente e socialmente controlado”.
A relação da estética com as dimensões culturais está relacionada ao gosto estabelecido por suas diferenças particulares e individuais. Sendo que o fator preponderante é o biológico, estabelecido por sua formação, por sua história gustativa. Sua experiência individual de gosto é imutável, esse gosto traz em si, o belo, referência de vida.
“Se o primeiro contato do homem com a comida foi por um impulso de sobrevivência, hoje essa relação contém aspectos técnicos e simbólicos que reproduzem valores, costumes e crenças de quem come. Ingredientes e modos de fazer definem sabores e aparências que se tornam referenciais de uma sociedade”. (Nutricionista Verônica Ginani, 2006).

"Na linguagem que movimenta a vida cotidiana, tão cheia de pressas e hábitos, a prosa predomina, mas, de vez em quando, abre-se o espaço para a poesia. Isso acontece todas as vezes que a despeito do cansaço e das obrigações achamos um jeito de valorizar um encontro ou uma ação. Nos banquetes, a festa é da poesia, das cores, dos cheiros e dos sabores. É a hora do brinde e da reflexão. A comida tem o olhar nos olhos, o riso e a oferta de quem elaboram o jantar. Tudo isso é o que une as pessoas desde os tempos de Baco e Dionísio à volta da mesa.” (trecho da reportagem "Tá na mesa" revista Vida Simples).

Referências:
ABRIL CULTURAL. Revista vida simples. São Paulo, dezembro de 2004.
ALVES, Rubem. Cenas da vida. 8ª ed. Campinas: Papirus, 2003.
BRAUNE, Renata e FRANCO, Silvia Cintra. O que é gastronomia. São Paulo: Editora Brasiliense, 2007.
CARNEIRO, Henrique S. Comida e sociedade: uma história da alimentação. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
CASCUDO, Luis da Câmara. História da alimentação no Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 2003.
FRANCO, Ariovaldo. De caçador a gourmet. 2ª ed. São Paulo: Senac, 2001.
LODY, Raul: Comer é pertencer. p. 144 in ARAÚJO, Wilma Maria Coelho e TENSER, Carla Márcia Rodrigues (orgs) (2007). Gastronomia: cortes e recortes. VOL.I. São Paulo: Senac.
SINGER, Peter e MASON, Jim. A ética na alimentação. São Paulo: Campus, 2006.
SAVARIN-Brillat. A fisiologia do gosto. São Paulo: Cia. das Letras, 2004.

[1] Professora universitária de Gastronomia na Universidade Cruzeiro do Sul e Universidade Paulista – UNIP-, em SP; Mestranda em Educação pela UNICID-SP.

terça-feira, 10 de março de 2009

Literatura gastronômica

Depois da ausência, vou começar.
Nesta última semana tive o prazer de adquirir um livro que conta nossa história da Gastronomia.
"Delícias do Descobrimento" fala de uma época em que a gastronomia brasileira despontava, século XVI, Brasil. O que se degustava aqui?
As receitas são originais. Vale a pena adquirir e degustar desta história.